Noticias

Medicina regenerativa: o futuro da cura e a restauração de tecidos

Gustavo Khattar de Godoy
Gustavo Khattar de Godoy

A medicina regenerativa é um campo inovador que visa recuperar ou substituir células, tecidos e órgãos danificados. O Dr. Gustavo Khattar de Godoy explica que em vez de tratar apenas os sintomas, essa abordagem visa curar a causa subjacente das doenças, oferecendo uma solução mais duradoura. Trata-se de um campo interdisciplinar que integra biologia celular, engenharia de tecidos, nanotecnologia e bioengenharia. 

Com o envelhecimento da população mundial e o aumento das doenças ligadas ao desgaste dos tecidos — como osteoartrite, falência cardíaca e cirrose hepática — a medicina regenerativa se apresenta como uma esperança real para milhões de pessoas.

Como as células-tronco atuam na regeneração de tecidos e órgãos?

As células-tronco são protagonistas fundamentais da medicina regenerativa devido à sua capacidade de se transformar em diferentes tipos de células do corpo humano. Existem vários tipos de células-tronco, mas as mais utilizadas são as embrionárias, as adultas (como as mesenquimais) e as induzidas à pluripotência (iPSCs). Elas podem ser extraídas da medula óssea, gordura corporal, sangue do cordão umbilical, entre outras fontes, e cultivadas em laboratório para se diferenciar em tecidos específicos. 

Gustavo Khattar de Godoy
Gustavo Khattar de Godoy

Segundo o médico Gustavo Khattar de Godoy, pesquisadores já conseguiram regenerar tecidos cardíacos danificados após infartos, recriar epitélios da córnea para pacientes com cegueira parcial e até mesmo restaurar cartilagens lesionadas. O grande desafio é controlar com precisão o processo de diferenciação e garantir que essas células se comportem de forma segura após o transplante.

O que é engenharia de tecidos e como ela contribui para a criação de órgãos artificiais?

A engenharia de tecidos é um dos pilares técnicos da medicina regenerativa. Trata-se da combinação de células vivas com materiais de suporte (como scaffolds biodegradáveis) para formar estruturas biológicas tridimensionais que possam substituir partes danificadas do corpo humano. Os cientistas utilizam biomateriais que imitam a matriz extracelular, permitindo que as células cresçam, se organizem e desenvolvam funções fisiológicas adequadas. 

De acordo com o doutor Gustavo Khattar de Godoy, um dos avanços mais promissores é a bioimpressão 3D, que permite imprimir camadas de células em padrões complexos para criar tecidos como pele, vasos sanguíneos e até mini-órgãos. Embora ainda estejamos longe de imprimir um coração funcional completo, a ciência já avançou significativamente no desenvolvimento de substitutos para tecidos mais simples e estruturas como válvulas cardíacas e traqueias.

Quais são as principais aplicações clínicas da medicina regenerativa hoje?

Embora muitos tratamentos ainda estejam em fase experimental, algumas aplicações clínicas da medicina regenerativa já são realidade. Conforme evidencia o Dr. Gustavo Khattar de Godoy, terapias com células-tronco autólogas são usadas para tratar queimaduras graves, regenerar tecido ósseo em fraturas complexas e tratar doenças hematológicas como leucemias. 

Pacientes com degeneração macular já receberam implantes de células retinianas derivadas de células-tronco, com resultados promissores na recuperação da visão. Além disso, há avanços em terapias regenerativas para doenças cardiovasculares, com células implantadas diretamente no miocárdio para estimular a regeneração após infartos. A medicina regenerativa também tem sido explorada em cirurgias reconstrutivas, especialmente em pacientes oncológicos ou vítimas de traumas.

Por fim, apesar de seu imenso potencial, a medicina regenerativa enfrenta inúmeros desafios éticos, regulatórios e científicos. O médico Gustavo Khattar de Godoy pontua que a utilização de células-tronco embrionárias ainda gera controvérsias em diversos países, por envolver a destruição de embriões. Do ponto de vista regulatório, muitos procedimentos ainda não têm aprovação dos órgãos de saúde, o que limita sua aplicação clínica. Por isso, é fundamental o avanço de pesquisas rigorosas e um debate ético transparente.

Autor: Rudolf Folks